RELATO 1 – Voo para São Petersburgo
Por que viajar faz tão bem pra alma? Eu encontrei algumas respostas nesse meu primeiro voo pra Rússia.
Mal o avião tinha decolado de Paris nessa manhã de sábado e um senhor que estava sentado ao meu lado (bastante sério e que aparentava ter por volta de 50 anos) estava bem estressado pois quase perdeu a conexão em Paris (ele estava vindo da Alemanha) e resmungava bastante com a tripulação.
De repente, ele resolveu puxar papo comigo. E continuou com as reclamações. Mas confesso: eu não estava entendendo NADA do que ele dizia. Ele notou e começou a tentar falar em inglês, misturando com russo. Não tinha jeito. Eu sinalizava que não compreendia e ele seguia falando. Aí até mímica ele passou a usar pra facilitar.
E do nada, esse senhor tirou uma vodka Ballantine’s de dentro do bolsão da poltrona e me entregou, sinalizando que era pra eu tomar um gole. Eu notei pelo semblante dele que seria uma desfeita negar e bebi um pouco. Nisso ele me entregou uma garrafinha de suco de laranja e disse: “drink too”. Eu entendi que era tipo uma sequência, sei lá, e tomei também. E ele continuou a conversa.
Olha, eu sou bem fraco pra bebida, então não sei se foi efeito da vodka, mas do nada eu até passei a entender o inglês + russo dele. E a conversa rolou como se fôssemos “brothers” há anos. E ele me contou um pouco de sua história, falou de sua esposa, de sua filha e sua netinha, da sua vida em São Petersburgo, e também pegou o celular e me mostrou, no mínimo, umas 100 fotos, de família, trabalho, viagens. Assim foi indo o papo.
Mas era só passar uns 15 minutos de conversa, e lá vinha a vodka de novo. Primeiro eu, depois ele. E o suco de laranja. E mais fotos. E ele abriu sua bagagem e me mostrou todos os presentes havia comprado pra família. Lápis de cor pra neta pequena, bolachas da República Tcheca pra esposa, tinha cachecol, tinha de tudo naquela sacola.
Até começou a me ensinar russo: Спасибо (spasibo) e пожалуйста (pozhaluysta), “obrigado” e “por favor”. Falou que tinha vontade de conhecer o Brasil. Que ama o Neymar e que ele é melhor que o Messi (palavras dele). E que conhece o Corinthians, até falou que é o melhor time do Brasil (vai curíntia!).
Pediu meu celular e anotou o WhatsApp dele. Falou que vai me avisar quando for pela primeira vez ao Brasil com a esposa. E de novo a vodka, e o suco, e aí ele também pegou um adesivo e duas “bolachinhas” de chopp e disse que eram presentes pra mim. Perguntou pra onde eu ia. Falei que tava indo pra Murmansk e ele fez uma cara do tipo “mas quem vai pra Murmansk, meu Deus?”. Fiquei preocupado!
E pra fechar a aventura desse primeiro voo pra Rússia (o real começo da expedição pro polo norte), na hora do pouso em São Petersburgo tive essa visão da foto abaixo e percebi de verdade onde eu estava me metendo. Se é frio e neve que tu quer Cris, TOMA! E olha que nem cheguei lá ainda! O Evvenii, meu novo amigo russo, só olhou pra mim e falou: “vai ter mais neve ainda em Murmansk, viu? Aqui tá fraquinho ainda!”
Então, enfim, por que acho que viajar faz tão bem pra alma? Não importa a barreira do idioma, das diferenças culturais ou climáticas: quando a gente está aberto pra conhecer pessoas e lugares, a gente volta sempre mais “rico” do que éramos quando saímos de casa. E essa riqueza tem um valor fora do comum.
Ah, e bora lá pra conexão porque ainda falta mais um pouco de caminhada! Polo Norte, tô chegando!
>> E para ler os outros relatos do #CrisnaEstrada na Rússia, basta clicar nos links abaixo:
Relato 2 – Chegando no Polo Norte
Relato 3 – 1° dia em Murmansk, Rússia
Relato 4 – A primeira aurora boreal a gente nunca esquece
Relato 5 – 2° e 3° dia em Murmansk, Rússia
Relato 6 – Chegando em Moscou, Rússia
Relato 7 – Um sábado em Moscou, Rússia
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